sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Tráfico Pessoas - A história Ana

 
“Aos 27 anos, com dois filhos pequenos que sustentava como comerciária em Salvador, Ana foi apresentada a um europeu que lhe prometia um trabalho bem remunerado em seu país, Itália, como dançarina. Assim, ganhou uma passagem de ida e, quando chegou na Europa, alguém já esperava para levá-la ao novo local de trabalho, a alguns quilômetros da cidade.

Só quando chegou é que ficou sabendo que era um prostibulo e da exigência de fazer strip-tease e se prostituir, se abordada por algum cliente. Ao recusar durante três dias seguidos essas duas novas imposições, a briga com o patrão acarretou a perda do emprego, e consequentemente, de casa e de comida. Aí, estavam apenas começando os problemas de mais uma brasileira no exterior.

Durante a briga, um dos clientes decidiu que a hospedaria em sua casa, o que, através de gestos, ficou claro que seria a única saída. Aceito o convite, Ana, já instalada na casa do seu protetor, chegou a ser violentada além de sofrer outros tipos de agressões físicas que a levaram a fugir na madrugada, à procura de um trem que a tirasse do lugarejo onde se encontrava.

Conseguiu. Chegou à estação, mas não havia mais trens e, como único abrigo para se proteger das temperaturas negativas do inverno europeu, encontrou uma cabine telefônica, onde resolveu passar a noite. O que ela não poderia imaginar e só veio saber semanas depois é que seu suposto protetor, após a fuga, ligou para a polícia avisando que havia “uma negra louca” na ferroviária. Esta denúncia bastou para que policiais, ao encontrarem a estrangeira dormindo na cabine, a levassem diretamente para o manicômio, onde Ana ficou durante quinze dias sem ter com quem falar na sua língua de origem para explicar o que havia acontecido. Só após este prazo, a administração do manicômio verificou o passaporte da nova interna e contatou uma organização de estrangeiras que, após esclarecer o caso, a tirou de lá. Durante todo o período no hospital, Ana foi tratada como doente perigosa, sem entender absolutamente nada do que se passava à sua volta ou porque estava ali”.

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A história de Ana é uma entre as muitas e muitas histórias de vida das pessoas traficadas, que acontecem cotidianamente em nosso país e em todo o mundo. A pobreza, o desemprego, bem como a ausência de educação e de acesso aos recursos constituem as causas subjacentes ao Trafico de pessoas. As mulheres são alvos potencias desta rede criminosa, devido à feminização da pobreza, à cultura de discriminação e desigualdade de gênero, à divida social quanto ao acesso à educação e ao emprego; a cultura hedonista que transforma o corpo da mulher em objeto de desejo e cobiça e outras causas subjacentes.

Estima-se que 700 mil mulheres e crianças passam todos os anos pelas fronteiras internacionais do tráfico humano. Isso sem contabilizar o tráfico interno, que no nosso País é alarmante.

Segundo estatísticas Internacionais as cifras do trafico de pessoas seguem elevadas.

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