quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Missão de fronteira desafia a Vida Religiosa


Os participantes do Seminário sobre a Vida Consagrada que acontece entre os dias 23 e 27 de fevereiro, em Itaici, SP, representam uma variedade de dons e carismas. Os Institutos de Vida Apostólica e congregações reúnem, no Brasil, cerca de 50 mil religiosos e religiosas que atuam em centenas de frentes missionárias.

Algumas situações chamam a atenção pelo grau de comprometimento. São missões consideradas de fronteiras como, por exemplo, a Rede "Um Grito pela Vida" que há seis anos enfrenta o trabalho escravo, o tráfico de órgãos e de seres humanos, numa ação articulada entre mais de 50 congregações. Organizada em 12 núcleos regionais, integra a Rede Talita Kum, organismo Internacional da Vida Consagrada no enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.


Irmã Maria de Fátima Cunha, das Irmãs Salesiana de Recife, PE, e membro da coordenação Nacional da Rede recorda que, a iniciativa surgiu como um grão de mostrada, mas logo ganhou força. "Hoje contamos com todas as Regionais da CRB que desenvolvem uma série de iniciativas.

É um trabalho preventivo junto aos jovens, sobretudo as mulheres no norte e nordeste onde o problema é maior. Muitas recebem propostas de trabalho no exterior e caem na armadilha. Assumimos essa Rede como uma Missão profética na Vida Consagrada", sublinhou.

A Rede influenciou as escolhas de algumas congregações. As Irmãs da Imaculada, por exemplo, comunidade da Irmã Eurides Oliveira, coordenadora da Rede, assumiu essa realidade como prioridade do capítulo e é uma das congregações mais ativas.

"Nós somos questionadas por que nos inserimos nos núcleos de enfrentamento nos estados que é um trabalho dos governos. O nosso trabalho é mais preventivo, mas enfrentamos resistências. Tivemos alguns casos de perseguição por exemplo, Irmã Guadalupe, religiosa mexicana que vive em São Paulo e teve a casa invadida, e por duas vezes recebeu ameaças", explica irmã Maria de Fátima.

A religiosa não esconde a sua preocupação com a Copa do Mundo de Futebol em 2014, pois sabe que é nesses grandes eventos que o problema do tráfico de mulheres aumenta. Para ela, "o tráfico de pessoas é uma violação dos Direitos Humanos e uma afronta à dignidade".

Outra Missão desafiante acontece na comunidade da Rocinha, na cidade do Rio de Janeiro, onde a Irmã Rita de Cássia Luciano, das missionárias de Jesus crucificado, vive e trabalha em projetos sociais. Lá a religiosa atua na promoção da mulher e da cidadania que inclui o acompanhamento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. Participa também do grupo "Rocinha Sem-fronteiras" que desenvolve projetos de educação, saúde e cultura, na busca de melhorias para a comunidade.

Rocinha é formada por mais de vinte bairros e a Irmã mora em um dos becos do morro. "Quando cheguei ao Rio, trabalhava na Rocinha com a Pastoral Operária. Por onze anos estive na coordenação de uma escola Metodista, mas o meu desejo era de morar na comunidade e durante cinco anos insisti para isso, até que em 2005 fui liberada".

Os maiores desafios, segundo ela, são a violência, o desemprego e a droga. Na busca da sobrevivência, o povo não tem tempo de se reunir para discutir sobre seus problemas. 80% da população é nordestina que chegou no Rio em busca de melhores condições de vida.

"No ano passado, Rocinha foi retomada pelo estado com a presença do exército e da polícia militar que montou lá uma Unidade da Polícia Pacificadora - UPP. Essa retomada tem em vista a preparação para a Copa do Mundo de futebol, mas o povo desconfia do futuro", destaca.

A interação entre religiosas e religiosos de várias nacionalidades e carismas, que acontece nos grupos de partilha e oração, revela a riqueza da Missão encarnada nas mais variadas fronteiras que desafiam a Vida Consagrada no Brasil.

"O tema da loucura de Deus, neste Seminário, vem revolucionar a nossa maneira de pensar e agir como homens e mulheres consagrados. A nossa forma de nos apresentar diante da realidade parece mesmo uma verdadeira loucura, porque nossa opção é diferenciada", relata Irmão Silvio da Silva, psdp, presidente da CRB Regional de Campo Grande.

Na Região, a CRB trabalha em solidariedade com os povos indígenas. "É uma cultura que não está sendo só dizimada, mas são homens, jovens, mulheres e crianças que estão morrendo. Se a Vida Religiosa não se coloca entre a ameaça dessas vidas para protegê-las, sabemos que o final será mesmo o seu desaparecimento", argumenta.

Meu Jesus, Aqui estou - Bem-Aventurada Bárbara Maix

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Formação reúne Irmãs junioristas no Rio de Janeiro

“Espalhem o perfume de Cristo,
um perfume de uma vida permeada pela beleza,
vocês são esse perfume”.
(AMEDEO CICCINE )
Nos dia 18 e19 de fevereiro nós Junioristas da Província de São Paulo estivemos reunidas no Instituto Imaculado Coração de Maria, Rio de Janeiro. Foi um momento de partilha, reflexão e oração, onde com muita alegria compartilhamos o ser consagrado à vida e missão. A partir dos escritos de AMEDEO CICCINI reafirmamos que o jovem consagrado tem que ser alegre e ousado tendo a luta como força e que é ela que enraíza com profundeza a missão. Deus vem ao nosso encontro e se oferece a se mesmo como a sua plena realização.


Saiba Mais:

Província de São Paulo sob a proteção do Dulcíssimo Menino Jesus
Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná
Site: www.icmprovinciasp.com.br

Reunião do GT de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo

Rede “Um Grito pela Vida” integra o GT de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo organizado pela CNBB

O combate ao Trabalho Escravo e ao Tráfico de Pessoas está contemplado de forma oficial, assumido definitivamente pela Igreja no Brasil, CNBB, nas  Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2011-2015, (nº 107 e 111):

O serviço à vida começa pelo respeito à dignidade da pessoa humana... 

“Atenção especial merecem também os migrantes forçados
pela busca de trabalho e moradia... as vítimas do Tráfico de pessoas
”.  

A crueldade do escândalo do Tráfico de pessoas e do trabalho escravo exige uma opção pastoral decidida e inegociável. Sua presença dolorosa e perturbadora é sacramento da presença de Deus clamando por libertação.  
       
Irmã Eurides Alves de Oliveira, ICM, participou pela Coordenação da Rede “Um Grito pela Vida” da reunião do GT de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo, nos dias 23 e 24 de fevereiro, na Sede da Cáritas Brasileira, em Brasília.  

A reunião contou com a presença e participação de Dom Enemésio Lazzaris, Bispo referencial do Mutirão Pastoral de Combate ao Trabalho Escravo, com representantes da rede “Um Grito pela Vida”, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Setor de Mobilidade Humana, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Caritas Internacional no Brasil (CRS) e a contribuição da Organização Internacional do Trabalho (OIT), através da exposição do Dr. Luis Machado sobre definições, conceitos e convenções internacionais, voltados para o enfrentamento ao trabalho forçado e ao tráfico.          
A Reunião consistiu na avaliação da trajetória dos Gts, em vista de uma integração dos mesmos; reflexão sobre a complexa e desafiante problemática do Tráfico de Pessoas, de Migrantes e Trabalho Escravo, buscando compreender a interlocução dos mesmos entre si - pontos comuns e especificidades. E a construção de uma agenda comum.  
 
Numa reflexão conjunta, constatamos mais uma vez a urgência de unirmos forças e atuarmos de forma mais incisiva no enfrentamento desta hedionda realidade que violenta, rouba e extermina a vida e a dignidade de homens, mulheres, jovens e crianças por meio da migração forçada, tráfico de pessoas e trabalho escravo.       
 
 Com esta convicção e compromisso deliberamos:
 
1.    A união dos dois Grupos de Trabalho, com o nome GT de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e ao Trabalho Escravo;
 
2.    Unir forças na Sensibilização da Igreja e sociedade para a realização da CF/2014 sobre este tema;
 
3.    Mapear os espaços, organizações e atividades de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e ao Trabalho Escravo, no País, a fim de ampliar a articulação e monitoramento dos processos;
 
4.    Continuar investindo na divulgação e socialização de informações, buscando dar visibilidade interna e externa a esta realidade tão presente, mas reclusa aos olhos da Igreja e da sociedade; 
 
5.    Continuar investindo na Prevenção e Formação de multiplicadores/as;
 
6.    Aprofundar as questões ligadas ao Tráfico de Pessoas, de Migrantes e Trabalho Escravo e as questões inter relacionadas;
 
7.    Pensar um instrumental para registro dos casos de Tráfico de Pessoas para poder fazer as denúncias e dar visibilidade aos fatos;
 
8.    Continuar atuando na perspectiva de incidência política, cumprimento da legislação, políticas públicas e responsabilização dos culpados; 
 
Concluiu-se a reunião com a esperança de que a união dos GTs e a agenda comum que construímos nos permitirá avançarmos na luta pela erradicação do Tráfico de Pessoas e do Trabalho Escravo, pois assumimos este compromisso como uma resposta ao seguimento de Jesus, que neste tempo da quaresma, nos convida a assumir a CRUZ  como caminho de solidariedade com  os crucificados da história, entre os quais se encontram as milhões de vítimas do Tráfico Humano e do Trabalho Escravo.
 
 “Erradicar o Tráfico de pessoas é nosso Compromisso”. 
 
Junte-se a nós! Some na campanha de assinaturas em prol da CF 2014, sobre o Tráfico de pessoas e o Trabalho Escravo!
 
Ir. Eurides Alves de Oliveira, ICM
Coord. Rede Um Grito pela Vida

Educadores/as da Província de Porto Alegre participam de formação

Mais de 200 educadores/as das escolas das Irmãs do Imaculado Coração de Maria na Província de Porto Alegre, participaram de manhã formativa no último dia 23 de fevereiro no Colégio Mãe de Deus, em Porto Alegre. A palestra “Educar em tempos de mudanças. Educador: operário e poeta”, ministrada pelo mestre em marketing educacional Mauricio Berbel, norteou o encontro.
O evento aconteceu em preparação ao início do período letivo e animou os educadores/as na gestão partilhada da educação desde a sala de aula, até a direção da instituição. Participaram os colaboradores/as do Colégio Mãe de Deus, Colégio Glória (Porto Alegre) e Stella Maris (Viamão).

A diretora do Colégio Mãe de Deus, irmã Elenar Berghahn deu as boas vindas os participantes do encontro. Irmã Amelia Thiele, Conselheira Geral do Setor, também acolheu  os professores/as. Em sua fala lembrou a Campanha da Fraternidade 2012 e convocou aos presentes a ampliar o ‘ver’ e ‘ouvir’ a realidade, com o objetivo de  encontrar as melhores oportunidades para aprimorar o trabalho que se inicia com o ano letivo.

O encontro de educadores/as durou toda a manhã.



Saiba Mais:
Província de Porto Alegre sob a proteção da SS. Trindade
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso
Site: www.provinciatrindade.com.br

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Irmãs ICM participam do Seminário da Vida Religiosa Consagrada da CRB Nacional

“Vida Religiosa: A loucura que Deus escolheu para confundir o mundo”, com esse tema, o Seminário Nacional da Vida Religiosa Consagrada, promovido pela CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil) acontece no Centro de Espiritualidade Inaciana - Itaici localizado na Vila Kostka em Indaiatuba (SP) a 90 quilômetros da capital São Paulo. O encontro acontece entre os dias 23 e  27 de fevereiro de 2012 e conta com 405 participantes de todo o Brasil.
As Irmãs do Imaculado Coração de Maria estão presentes no encontro com a presença da  Diretora Geral, Irmã Marlise Hendges, as coordenadoras provinciais: Ir. Cecilia Walesca Knorst (Província de Porto Alegre), Irmã Erena Bernardy (Província de Caxias do Sul), Ir. Maria Helenita Sperotto (Província de Santa Maria), Irmã Ernilda Souza do Nascimento (Província de São Paulo) e Ivonete Félix de Morais (Província de Teresina). Também estão presentes as irmãs Palmira Miranda, integrante da executiva da CRB Nacional e Marinete Ferreira dos Santos, que compõe a executiva da CRB Piauí.
Irmã Rejane Paiva, da equipe de reflexão Bíblica da CRB Nacional, abriu a manhã (23) a partir da iluminação bíblica sobre o tema do Seminário: “A loucura que Deus escolheu para confundir o mundo” (1Cor 1,27). Ela tomou como exemplo a loucura de Jesus Cristo que forma o primeiro grupo de convivência e missão e o apostolo Paulo que vai anunciar Jesus Cristo à complexa comunidade de Corinto com a mensagem central no Deus crucificado que se solidariza com os fracos, com os vencidos e menos amados deste mundo.

À luz desses personagens centrais bíblicos, Irmã Rejane, lança o questionamento: “Como a Vida Religiosa Consagrada poderia ser sinal frente à sabedoria do mundo atual?”. Segundo ela, a grande loucura de Jesus Cristo foi a de escolher para estar com Ele, homens e mulheres sem instrução, sem prestigio e que, aos olhos da sociedade, eram nada. “Deus continua escolhendo gente limitada e fraca”, ressalta Rejane, que diz não se tratar de uma apologia à fraqueza, mas uma evidencia ao poder de Deus.
 
Irmã Delir Brunelli, da equipe de reflexão teológica da CRB, destacou a necessidade de contemplar a realidade social, política e de Igreja em que a Vida Religiosa Consagrada se situa hoje, com sabedoria e escuta.  Segundo ela, a escuta atenta foi a grande mestra de Jesus. “Jesus procurou sempre iniciar as pessoas no caminho da sabedoria”, ressalta.

A assessora enfatizou que,  ao falar  em ‘realidade’, sem outra especificação,  refere-se a tudo o que existe e acontece em nosso mundo, especialmente no lugar e espaço onde nos situamos. E finalizou sua reflexão dizendo que “a razão precisa de fé para que a incerteza não mate a esperança. O mais importante não é entender, mas acolher gratuitamente. O mistério é maior que nossas possibilidades. O olhar contemplativo é capaz de perceber onde estão as sementes” e sugeriu como iluminação para a Vida Religiosa Consagrada o texto de Provérbios, 17,22: “O coração alegre ajuda a sarar as feridas, mas o espírito abatidos seca até os ossos”.
 
 
Informações e fotos:
Assessoria de Imprensa CRB
Site: http://www.crbnacional.org.br

Mensagem de volta às aulas do Setor Educação ICM

Um excelente ano de atividades e descobertas!
Irmã Amelia Thiele

Crianças, adolescentes e jovens enchem os olhos e os corações de alegria, de prazer, de expectativa, pela escola que os espera, pelos novos colegas, novas amizades a desfrutar e o importante aprendizado para a vida, a cidadania.
O ano de atividades educativas está a oferecer um mundo de aventuras para as crianças, e importante conhecimento para os jovens com o objetivo de ampliar o horizonte do ver, ouvir, saber e conviver.
A aventura de estudar, sonhar, empreender viagens com livros, navegar na internet, descobrir, desvendar o desconhecido está ao alcance de cada um de nós. Infelizmente, dados estatísticos são apresentados, e com pesar anunciam que três milhões de crianças e jovens não têm acesso à escola, à educação por motivos diversos: distância, interior, trabalho e outros. Nós somos privilegiados visto termos escola, educadores/as, crianças e jovens animados e dinâmicos para servir, assumir e transformar o que não serve mais. Não podemos perder tempo! É a nossa hora!
Esta mobilização intensa de crianças, adolescentes, jovens, pais, famílias, educadores, instituições e, sobretudo, corações envolvidos com sonhos, desejos, saberes e projetos, colocam em movimento o mundo da educação por um saber forte, consistente e coerente.  
Que esta soma de relações, desejos, sonhos e mobilização sejam por mais vida, responsabilidade mútua, humanidade, solidariedade, partilha e paz.
A educação, a aprendizagem, o conhecimento tem a força de transformar as pessoas e capaz de transformar o mundo.

Abracemos este tempo de tantas possibilidades! Agora, é a nossa hora!
Irmã Amelia Thiele

Vice-Diretora Geral
e Conselheira Geral do Setor Educação

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Novas postulantes na Congregação

Sábado, 11 de fevereiro de 2012, às 17h, Irmãs da Congregação e lideranças da Rede de Comunidades da área de Canoas, na Comunidade do Postulado Coração de Maria,Canoas-RS, se reuniram, em uma linda Celebração, para acolher carinhosamente as jovens Dieuny Marie Etienne, natural de Damemarie (Haiti) e Vênia Fanfan, natural de Jeremie (Haiti), Morgana Aparecida Garcia, natural de Redentora e Karusi Cristina Sanches de Moura, natural de Pimenta Bueno, como novas postulantes da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria.


A liturgia, sob o lema “Estou aqui. O Senhor me chamou?” (1Sam 3,3), remetia para a reflexão que a essência de ser discípula está biblicamente expressa na frase estar com Ele. Então, discípula, é alguém que começa a viver a sua vida diária a partir desta experiência e considera o testemunho da mesma, como tomar parte da própria missão de Jesus. É guiada por um desejo profundo: que é atrair todos e todas a mesma experiência que teve. O tempo de Postulado é um tempo propício para aprimorar o discipulado a Jesus ao modo de Maria de Nazaré e de Bárbara Maix. Essas duas mulheres são para nós exemplo de atenção ao chamado de Deus e de fidelidade à missão.

As quatro postulantes movidas por esse desejo expressaram suas motivações para serem admitidas nessa etapa formativa do Postulado, neste ano de 2012. Irmã Marlise Hendges, Diretora Geral, com alegria acolheu o pedido das novas postulantes.

Confiando nossa vida ao Deus Criador e sentindo que Ele chama para viver fielmente a vocação à Vida Religiosa no compromisso de levar adiante o Projeto de Jesus de amar a todos os seres humanos, especialmente aos mais necessitados, nossa Comunidade do Postulado conta com as orações de todas para ser fiel a missão confiada.               

Comunidade do Postulado Coração de Maria

Irmã ICM partilha sua missão em Jornal de Santa Maria: A PARTEIRA QUE DEIXOU SAUDADES

É com muita alegria que o Blog da Província de Santa Maria partilha a matéria publicada no Jornal "A Razão" na edição datada 3 e 4 de fevereiro a qual apresenta uma entrevista com a Ir. Alice Maria (Gema Pelizzaro), Irmã ICM, a respeito de sua dedicação, por muitos anos, na maternidade da Casa de Saúde. A matéria foi elaborada pela jornalista Ceura Fernandes. Confira a matéria:

A PARTEIRA QUE DEIXOU SAUDADES


Embora o Brasil tenha um dos mais altos índices de partos por operação cesárea, ainda se ouve a expressão “mais conhecida que parteira de campanha”. Isso dá ideia do quão popular e fundamental eram os préstimos dessas figuras há apenas algumas décadas passadas, quando obstetras e anticoncepcionais eram escassos, as famílias eram numerosas, e as mulheres ganhavam seus filhos, muitas vezes em casa, sem dia nem hora marcada. De ultrassonografia nem se falava. Ficava-se sabendo da posição do feto e do sexo das crianças, quando elas, naturalmente, nasciam de parto natural. Ou, quando, pela falta de atendimento adequado, os bebês sozinhos, ou junto com suas mães, os chamados ‘anjinhos’ morriam ao nascer. Nessas condições, um parto era cheio de mistérios, surpresas e medos, e o conhecimento adquirido pela prática por algumas mulheres, chamadas parteiras, era valioso.
        
Embora trabalhasse num hospital de cidade, tivesse o diploma de Enfermeira Obstetra pela Faculdade Paulista de Medicina, Gema Pelizzaro, nascida em São João do Polêsine, ou Irmã Alice Maria, como passou a ser chamada depois de fazer os votos religiosos, tornou-se mais conhecida que as próprias parteiras de campanha.

Entre as décadas de 60 e 80, no auge da Maternidade da Casa de Saúde, então da Cooperativa dos ferroviários, quando cesáreas eram raras, chegando a hora de terem seus filhos, algumas gestantes daquela época, mesmo quando já havia médicos especialistas, preferiam Irmã Alice pra lhes ajudar. Inclusive esposas de médicos confiavam na expertise de suas mãos. Modesta, mas sem esconder a alegria, ela contrapõe: “mas não era bem assim…”.

A verdade é que, durante os 20 anos que lá permaneceu, a sua habilidade se espalhou pela região. “Às vezes chegava a ter 15 partos num dia”, diz ela, lembrando que vieram ao mundo, e tiveram o primeiro choro nos seus braços, todo tipo de crianças, inclusive muitos nomes conhecidos e importantes. E que hoje, já com seus 40, 50 anos, estressados e sem muito tempo pra pensar nisso, não lembram, ou não sabem, exatamente como, onde e com quem nasceram. Mas seus umbigos, que precisavam ser cortados, e as cabecinhas amassadas, pela dificuldade do percurso até a luz, ainda estão lá, vivos na memória dela.

Hoje, aos 84 anos, ativa, como pode e no que pode, ela conta histórias que provoca saudade até mesmo em quem não viveu aquele tempo. Um tempo de poucos médicos e muita dedicação. Um tempo em que freiras, vestindo seus hábitos brancos, atendiam doentes ou parturientes e, inclusive, bordavam lençóis pra enfeitar seus leitos, num trabalho que era mais por missão e caridade do que por negócio e comércio. Um tempo em que só a sua congregação, a das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, tinha a responsabilidade da gestão de mais de 20 hospitais, geralmente bem ajeitadinhos para bem acolher os doentes que chegavam.
 

 Voltemos a esse tempo, ouvindo as histórias de Irmã Alice, uma das mais famosas parteiras que Santa Maria conheceu.

Primeiro, vamos esclarecer a história do seu nome: Gema ou Alice? Meu nome de religiosa é Irmã Alice Maria Pelizzaro – mas o meu nome de batismo é Gema Pelizzaro. Naquela época, quando entrei na Congregação, quando se vestia o hábito e se fazia os votos, era trocado o nome da gente. Diziam assim, tudo será trocado, até o nome. Mas todos me conhecem por irmã Alice Maria, até meus irmãos, que nasceram depois que eu saí de casa, dizem: tu não és Gema, és Alice.

Tinha uma irmã minha que era deficiente, e quando entrei para o noviciado, falei com o pai se ele tinha algum nome que queria que me colocassem, pois tinha que trocar. E ele disse: “Se te dessem o nome de Alice, eu gostaria”. Colocaram meu nome de Alice Maria, porque já tinha uma Maria Alice.

Como aprendeu a ser parteira, qual foi sua escola? Primeiro eu fiz o Curso de Enfermagem, curso superior, na Escola Paulista de Medicina. Foi lá pelo ano de 1962. E, com o tempo, a prática foi me ensinando.

E depois do Curso de Enfermagem? Quando terminei o curso de enfermagem em São Paulo, a Congregação tinha começado a assumir hospitais. Até lá a Congregação não tinha hospital. Então, começou o trabalho. Assumi a Casa de Saúde de Santa Maria, que era da Cooperativa dos Ferroviários. Foi no início da década de 60, lá por 1964. Lá fiquei mais de 20 anos.

Sempre atendendo partos? Na Casa de Saúde fiquei sempre na obstetrícia. Às vezes dava uma mão, ajudava um pouquinho na sala de cirurgia, no ambulatório, mas a minha principal função era na maternidade.

Tem uma ideia de quantos partos fez nesses 20 anos, na Casa de Saúde? Não tenho bem certo. No início eu contava. Até que eram mil e tantos. Depois perdi a conta. Em vinte anos, fiz uns sete mil partos, talvez. Havia dias em que tinha até quinze partos, outros dias dois ou três, outro dia não tinha nenhum… Mas era uma média de muitos partos por mês.

Lembra de alguns casos especiais de dificuldade, partos difíceis? Foram muitos os casos especiais. Naquela época a Universidade ainda não tinha muitos médicos formados. Era o tempo do Dr. Ronald Bossemeyer, aquela turma. Tinha poucos médicos em Santa Maria. Era o Dr. Celso Teixeira e o Dr. Caio Lemos que trabalhavam lá na Casa de Saúde. Logo depois que a turma se formou, no início da década de 60, alguns começaram a trabalhar lá. Faziam plantões, um dia cada um. Aí melhorou muito. Mas antes disso, a gente passava muito trabalho. Tinha casos difíceis, a posição da criança não estava certa, o pélvico, ou transverso, ou com procedência de um membro. E quantas vezes fiz extração a vácuo. Porque, muitas vezes, eu era a parteira que estava ali, com duas vidas – a mãe e a criança –, a mãe não tinha mais contrações, o médico não vinha, aí a gente tinha que agir. Atendíamos a família ferroviária, uma classe pobre, e a gente tinha que agir. Até fazíamos coisas que não era da nossa alçada, que não tínhamos aprendido na escola, mas não podíamos deixar a mãe morrer.
– Tinha que ser feita alguma coisa… Tinha que resolver.

Ficou alguma lembrança especial de pessoas que a senhora ajudou a nascer? Muitos. Por exemplo, o de um sobrinho. Tinha uma cunhada que morava em Uruguaiana, gorda, já com certa idade, teve um filho lá. Fizeram cesárea e ela ainda perdeu a criança. Um belo dia ela aparece, tinha me avisado que ela vinha ganhar o nenê em Santa Maria, comigo. Aparece lá e, numa bela hora, entra em trabalho de parto. Ela ia ganhar normal, porque eles queriam mais filhos. Não é como hoje que fazem tudo para não ter filhos. Eles queriam mais filhos e eu fiz o que pude. Telefonei para o médico, lembro que naquele tempo era o Dr. Celso, e ele não vinha, estava ocupado com outro paciente, então coloquei o soro, até que acelerou o parto e a criança nasceu. Mas o nenê, meu sobrinho, mal, mal respirava. Ressuscitei-o respirando boca a boca. Só com oxigênio ele não reagia. Tinha que entrar ar, insuflar no pulmão dele. E fui tentando, até que conseguimos… Mas ele ficou todo dia meio mal. E o pai, a mãe – minha cunhada e meu irmão – se perguntavam, “será que vai ficar com alguma coisa do parto?” Eu tinha receio que ele ficasse com sequelas mentais, porque nasceu asfixiado. Lembro que esse foi um parto duplamente difícil e demorado.
 
Eu fiz de tudo um pouco: fisio, anestesiava o períneo e depois fazia sutura. Fiz de tudo, não lembro se cheguei a colocar vácuo. Só sei que nasceu muito mal. Ficou uns dias no oxigênio e hoje não tem nada. A minha cunhada ficou tão faceira que depois disso ganhou outros com parto normal. Hoje ele está casado com uma juíza, lá em Uruguaiana, e sempre que me vê, diz: “A senhora é minha segunda mãe, porque não me deixou morrer”. Hoje, está perfeito, não tem nada, e é o mais ajuizado da família.

– Conta-se que algumas mulheres preferiam ter o parto com a senhora do que com os próprios médicos. É verdade, queriam. Muitas vezes elas me chamavam à noite, fora de hora.
Elas confiavam mais na senhora do que nos médicos?

Não sei, diziam que era por aí. Algumas famílias tiveram vários filhos comigo. Naquela época, quando comecei a trabalhar, as coisas eram mais difíceis, não havia muitos recursos como hoje. Depois eu saí de lá da Casa de Saúde, lá por 1986, 87. Eu comecei a sair aos poucos. Comecei a assumir uma obstetrícia em Frederico Westphalen e Jaguari. Então, eu saia um pouco e voltava para não dar um baque muito grande no atendimento, porque eles não queriam que eu saísse.

– O Brasil é hoje um dos países com grande percentual de partos por cesárea. Em alguns lugares chega a 80%. Como a senhora vê o abandono do parto natural, mesmo em situações de normalidade? É muito comércio. Outra coisa é o medo do sofrimento, da dor. E também, hoje as mulheres têm menos filhos. Querem ficar intactas. Quando o nenê nasce sempre pode ter um prolapso de bexiga, mas não querem ponto lá na vagina, no períneo. Então, é comodismo. Os pobres ainda ganham de parto normal, mas eles também já gritam que querem cesáreas. Tivemos uma aqui que entrou em trabalho de parto, e dizia: “eu quero fazer cesárea”. Já tinha ganhado outros filhos normalmente.

E, para a criança, o que é melhor, nascer de forma cronológica e biologicamente natural, na hora estabelecida pelo médico e pela mãe, por cesárea? Se as coisas estão correndo bem, sempre o melhor é o parto natural. Porque no mesmo trajeto, durante o trabalho de parto, a criança vai amadurecendo, se completa. Tudo tem sua hora certa. Quando eu ainda estava trabalhando, quantas crianças eu vi, que faziam cesárea uns dias antes, porque a mãe tinha medo de entrar em trabalho de parto, tinha medo da dor, do sofrimento. Então, faziam cesárea antes. E o nenê nascia não bem maduro, gemendo, meio cianótico, roxinho, e tinha que ficar uns dias no oxigênio. E não se sabe das consequências, no futuro. Sempre digo que a fruta boa é a madura, ela cai na hora certa, quando está madura. O mesmo se dá com o nascimento, a criança tem que ter seu momento em que está completa para nascer.

Lembra-se de alguns conhecidos, cujos filhos nasceram com a senhora? Muitos. Por exemplo, a Lucia Kümmel, esposa do Waldemar Kümmel, ganhava os nenês comigo. Também lembro da esposa do Dr. Flávio Bissacotti. Ele é ortopedista, e uma vez eu caí, quebrei umas costelas, e ele me atendeu no Hospital de Caridade e disse: “o que está fazendo aqui? Veio pegar alguma criança ainda por aqui? A senhora pegou as minhas”, disse ele, brincando.

Quem mais a senhora ajudou a chegar ao mundo? Também os filhos do Osmar Santos, da Ana Maria Kliemann. Lembro da Iria Marim, ela ganhou nove crianças comigo. Eles vinham me chamar fora de hora, de noite, quando entrava em trabalho de parto. Mas ela sempre ganhava muito bem. Lembro que ela teve uma menina e os outros todos foram meninos. Eles queriam muito mais uma menina, mas vinha só menino.
 
Fiz nascerem muitos conhecidos, mas, agora me lembrar dos nomes… Lembro-me dos Cielo, dos Biacchi. Tinha também muitos de fora, de longe, que vinham para a Casa de Saúde, que tinha uma boa fama.

Por causa da sua dedicação, da sua experiência? Não sei… Não se pode atribuir tanto a mim assim… Eu me dedicava, claro. Quantas vezes, noite, dia… Naquela época, os funcionários eram da Cooperativa e, algumas vezes faziam greve, e eu ficava sozinha atendendo, às vezes dois partos ao mesmo tempo. Outras vezes morria alguém da família do funcionário e como diversos eram da mesma família, muitos faltavam, então eu tinha que me virar e atender.

Quais médicos trabalharam com a senhora na Casa de Saúde? Trabalhei muito com o Dr. Ronald, Dr. Clandio, Dr. Artêmio Celestino Alves. Gostava dele porque era um homem sério, ele não brincava. E outros, como o Dr. Chagas, Dr. Sitiá, Dr. Leonir, Dr. Wilson, Dr. Frederico, a Dra. Mirta – senti muito quando ela faleceu, era muito minha amiga, até me convidava para ir a casa dela.

Depois de ter trabalhado tantos anos lá, a senhora tem acompanhado a trajetória da Casa de Saúde? Sim, acompanhei. Logo no começo, fui muitas vezes lá. Uma vez me deram uma plaquinha, ganhei uma plaquinha, em homenagem ao Dia da Enfermagem. Deve estar lá esta placa. De vez em quando eu ia lá.
 
Acompanhei e sofri muito com a decadência da Casa de Saúde. Tenho um amor àquela Casa, especialmente da maternidade que era. Eu bordava lençol, bordava a roupinha dos berços, os lençoizinhos, pra ter tudo bonito. Gostava de ver as mães que vinham lá e admiravam as coisas bonitas e em ordem. Depois, de vez em quando ia lá. Quando fechou por um tempo, eu sofri. Senti muito quando terminou o contrato com a nossa Congregação. Nós tínhamos muitos hospitais que não dava mais pra atender. Mas eu senti muito. Agora, graças a Deus, recomeçou, são as Irmãs Franciscanas, da Unifra, que estão lá.

– E o motivo por que a senhora deixou de atender lá.
Saí de lá e fui para Frederico Westphalen. Fui eleita para o Conselho de Saúde da Província. E tinha que viajar muito. Então, não dava pra eu ficar o dia inteiro trabalhando, porque tinha que andar visitando os outros hospitais da congregação.

Houve uma época em que a sua congregação (do Imaculado Coração de Maria) chegou a ter a gestão de 24 hospitais? Tinha. No momento só temos dois, o de Gravataí e o de Gramado. Os outros não conseguiam se sustentar. A Congregação tinha que sustentar, porque o que o SUS pagava não dava . Então, a Congregação era que tinha que bancar. Acompanhei bem o hospital de Jaguari, que fechou não faz muito, São João do Polêsine, Taquari, Viamão. Teve também São Borja, Santo Augusto, e outros nas outras Províncias. Conheço mais a situação da Província de Santa Maria. Mas tínhamos hospitais grandes, como Viamão. E ainda agora tem Gravataí… Tentamos, lutamos, mas…

Há quanto tempo a senhora está e o que faz em Vale Vêneto? Estou aqui há uns quinze anos. Faço um pouco de pastoral da saúde, visito pacientes, idosos que me chamam. Às vezes até vizinhos me chamam, durmo na casa de uma paciente idosa que está sozinha, que não tem ninguém. E ela é muito nervosa, então de vez em quando me chama às 2h da madrugada: “Irmã Alice, estou nervosa, estou sozinha, estou mal..” Aí pego a minha trocha, vou lá, olho a pressão dela, dou uma olhada se tem febre. Muitas vezes vou por aqui fazer soro para idosos, cancerosos na fase final, que não ficam mais no hospital, me chamam e eu vou. Não paro.
 
– Isso aos 84 anos… Também a vi, muito cedo, antes de o sol aparecer, andando pela horta… Faço um pouco de tudo, trabalho na infraestrutura. Porque quando vejo que as coisas não estão bem, falta varrer o corredor, por exemplo, cuidar do jardim, o que não está bem eu faço. Também acompanho um pouco os funcionários e cuido das capelas. Tenho oito a dez lugares para arrumar. Por exemplo, colocar uma flor pra Nossa Senhora, aqui na gruta, tem outra grutinha lá, mais outra lá… mais a Bárbara (Barbara Maix, fundadora da Congregação), que também coloco flores pra ela.

– Pelo jeito, desde que levanta a senhora não para. Faço de tudo um pouco. Tenho 84 anos, sou diabética e, à tarde, fico um pouco cansada. Mas, pela manhã, não paro. Também caminho todos os dias. Faço pelo menos meia hora de caminhada, que me faz bem, me mexo, me chacoalho, porque o diabético tem que se mexer. E cuido da alimentação, da medicação, tomo insulina.
 
Também trabalho com aquele projeto a Nota é Minha, pra ajudar o colégio daqui. Tem uns amigos de Santa Maria que me guardam as notas, então vou lá buscar. E, um dia estava no ônibus e uma senhora levantou os braços e disse “Oi, Irmã Alice, onde que a senhora anda, vem na minha casa…”. Mas não dá para ir a todos os lugares.

A senhora havia feito o seu parto? Sim, tinha feito o parto dela. Agora lembrei também que fiz diversos partos da família do Benhur Pelissari, aquele que trabalha com aparelhos de ouvido. Aquele rapaz que trabalha lá fui eu que botei no mundo.
 
E que conselho de saúde dá pras pessoas que tem essa vida agitada, corrida de hoje? Eu teria muito conselho pra dar. Em primeiro lugar, cuidar da alimentação, que é a base. E fazer exercícios. Nem precisa ser todos os dias. Eu caminho todos os dias porque sou diabética. Uma vez eu caminhava uma hora, agora caminho só meia. Também leio muito. Leio jornal, A Razão é meu preferido, leio diariamente. Durante o ano, quando tem aula aqui no colégio, o jornal chega de manhã, senão chega ao meio dia, com o ônibus. Sempre li A Razão.

O que mais tem pra contar de sua vida? Quando a Congregação me pediu pra fazer Enfermagem, eu não queria, porque eu estava estudando música. Estava em Vale Vêneto. Entrei na Congregação aqui nesta casa, eu era juvenista, e a gente aprendia gaita, piano… E depois eu já estava bem alfabetizada na música, me pediram para ajudar a alfabetizar crianças. Eu estava bem adaptada, aí a Congregação me mandou fazer o ginásio, porque aqui não tinha – fiz o primário aqui e fui fazer o ginásio na Glória, em Porto Alegre. Então, voltei pra cá um ano, porque naquela época era costume. Acabado o ginásio, a aspirante ficava um ano trabalhando numa casa. Então, vim aqui e atendia uma sala de aula, uma classe. E tinha um aluno que era filho do Leonardo Hermes, que era dentista. Esse menino era meu aluno. E sabe como é a criançada…, me incomodei, dei um murro com a mão no quadro negro, pra eles ficarem quietos. Aí esse menino levantou e disse: “Professora, a sua mão parece uma raquete”. Sempre me lembro disso e tenho que rir.

– E as mãos, que pareciam raquetes, ficaram famosas por acariciar bebês nos tantos partos que fizeram. Lembra-se de ter morrido alguma criança em suas mãos? Criança, por causa do parto difícil, não. Agora, é claro, uma criança ou outra, deficiente, ou que já vinha em sofrimento. Mas que eu me sinta culpada, não, nunca. Acho que nenhuma. Tenho a consciência tranquila. Sempre procurei fazer o possível, dar o melhor de mim, para tudo correr bem.

Durante o tempo em que trabalhei na enfermagem, na obstetrícia, foi como uma missão. É uma vida que está ali por nascer, por vir ao mundo. Estávamos ali diante da vida e da responsabilidade que a gente tinha com a mãe e com a criança. Eu ficava sempre atenta, escutava os batimentos, fazia o que podia. Também não me lembro de nenhuma mãe que tenha morrido em minhas mãos e nem como consequência de um parto que eu tenha feito. Depois que os médicos começaram a se formar na Universidade, na década de 60, quando começaram a sair as turmas da Medicina, melhorou. Mas antes, quando eu chamava os médicos, às vezes não vinham, por que eram poucos, e eu tinha que me virar e atender sozinha.

O RECONHECIMENTO CARINHOSO

"Num determinado período, não havia em Santa Maria quem não tivesse ouvido falar na Irmã Alice. Ou crianças que, ao nascerem, não tivessem passado pelas mãos dela. Uma pessoa conhecida no Rio Grande do Sul por dedicar sua vida em favor da saúde. Ela representa aquilo que, a nível hospitalar, falta tanto para com o carinho a pacientes, para com o amor a profissão. Acima de tudo, para tantas crianças que nasceram com ela, e que ela vibrava como se fossem seus filhos".  José Haidar Farret, vice-prefeito, Secretário de Saúde do Município. Como médico, conheceu o trabalho de Irmã Alice.


"Nasci, de sete meses, com 1,7kg, pelas mãos de Irmã Alice. Eu era tão pequeno que um médico disse pra  minha mãe (Valquíria Mafioletti Beltrame)  me levar pra morrer em casa. Mas ela voltava  à Casa de Saúde pra que eu recebesse  oxigênio pra exercitar meus pulmões, sob  os cuidados de Irmã Alice. Isto foi em 1964.  Hoje estou aqui, lembrando que minha mãe  e minhas tias sempre falavam muito bem de  Irmã Alice, da confiança que tinham nela, e  que era uma pessoa maravilhosa. Meu irmão  e meus primos também nasceram pelas  mãos dela. Hoje, teria vontade de conhecê-la”.  Valmir Beltrame, presidente do Conselho Municipal de Cultura que, por acaso, deu esse depoimento nos corredores da atual Casa de Saúde, a antiga Maternidade onde havia nascido. 

"Irmã Alice foi, por muitos anos, responsável pela maternidade da Casa de Saúde. Ela fazia os partos, fazia um trabalho bem feito, foi uma pessoa excepcional. Eu operava lá e era amigo dela. Naquela época, era um belíssimo hospital. Meus dois filhos nasceram lá, com ela e o Dr. Ronald. A presença de religiosas, seja qual for religião, numa maternidade ou na administração de um hospital é sempre boa”. João Flávio Bissacoti, médico, cirurgião traumatologista.

 
Amada Irmã Alice!

Que Deus Trindade, Maria e a Bem-aventurada Bárbara Maix abençoem a sua vida e sua caminhada. Obrigada pelo testemunho tão coerente, emocionante e repleto de vitalidade e de amor. Nosso carinhoso abraço.

Ir. Camila Dalmolin Hoffmann, ICM
Blog da Província de Santa Maria

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Setor de Pastoral e Ação Social planeja atividades para 2012

Nos dias 14 e 15 esteve reunido a Equipe do Setor de Pastoral e Ação Social da Congregação, em Tramandaí/RS. A equipe do Setor é formada por uma conselheira de Cada Província responsável pela Pastoral e Ação social, mas a conselheira Geral que responde pelo Setor em nível Geral. 
Na Caxias do Sul, a Irmã responsável por dinamizar a pastoral e ação social é a Ir. Dileta Zanchette, Província de Porto Alegre, Ir. Maria Bernardete, Província de Santa Maria, Ir. Deuzira, Província de Teresina,  Ir. Lucimar e Província de São Paulo, Ir. Maria Aparecida Barboza. Pelo Setor Geral responde a este Setor a Ir. Eurides de Oliveira.
 
O encontro foi marcado pela acolhida calorosa a cada Conselheira, por momentos de leitura orante, secção de estudos, retomada das linhas de ação do Setor assumidas no Triênio anterior pontualizando os desafios e metas a serem assumidas no Triênio em vigor; socialização da caminhada pastoral de cada Província; o rosto do Setor de Ação Social e Pastoral da Congregação a partir das mantenedoras: Sociedade Educação (SEC) e Caridade e Instituto Religioso Bárbara Maix (IRBM);  a opção Congregacional- PGA -Programação que norteia a missão da Congregação e programação de cada Província e Setor Geral.
As irmãs permanecem em estudo agora com um grupo maior. De 16 a 19 no mesmo local, ocorre o encontro de Animação Missionária da Congregação com representantes de cada Província. O tema deste ano versa sobre a Mística e desafios da Missão das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, no hoje de nosso chão.  
Ir. Maria Aparecida Barboza

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Postulado ICM acolhe quatro novas vocacionadas

Mais quatro jovens avançam na caminhada vocacional em busca da consagração como Irmã do Imaculado Coração de Maria. No sábado, dia 11 de fevereiro, o postulado interprovincial ICM acolheu mais quatro novas formandas: Vênia Fanfan e Marie Diuny Etienne (Haiti), Morgana parecida Garcia (Província de Santa Maria) e Karusi Cristina Sanches de Moura (Província de Porto Alegre).
O ingresso das novas postulantes aconteceu durante Missa realizada na capela da comunidade. Frei Wilson Dallagnol presidiu a celebração eucarística da qual também participaram Irmãs e familiares.
 
Após o pedido para admissão, a Diretora Geral da Congregação, Irmã Marlise Hendges acolheu as jovens desejando uma feliz caminhada formativa.
Após a Santa Missa, um coquetel confraternizou os presentes.
Confira mais fotos do ingresso ao Postulado ICM. Clique Aqui 

Magnus Regis
blogbeatificacao@gmail.com 

Rede Um Grito pela Vida articula ações para o ano de 2012

O planejamento das ações para o ano de 2012 norteou a reunião coordenação nacional da “Rede Um Grito pela Vida” de combate ao  Tráfico de Seres Humanos, da Conferência dos Religiosos/as do Brasil (CRB). A reunião aconteceu nos dia 09 e 10 de fevereiro, na sede da entidade, em Brasília.

Esta primeira reunião retomou os debates feitos em Goiânia, no mês de outubro de 2011, quando aconteceu o encontro ampliado da Rede. Na oportunidade, foi iniciado o plano de atividades do grupo para o período 2012-2014.
Segundo Irmã Eurides Alves de Oliveira, integrante da equipe de coordenação da Rede Um Grito Pela Vida, outros pontos foram debatidos neste encontro: reflexão sobre a missão e política de funcionamento da equipe na dinamização da rede, a elaboração de um material informativo, a participação nos fóruns  onde o Tráfico de Seres Humanos seja tema pertinente como na CNBB e Ministério da Justiça e a elaboração de uma carta que será enviada aos Superiores/as Gerais e Provinciais do Brasil que participarão do Seminário sobre a Vida Consagrada, que será realizado no fim do mês de fevereiro, em Itaici-SP.

Irmã Eurides destaca ainda que a Rede Um grito Pela Vida dirigirá esforços para prevenção ao Tráfico Humano  durante a Copa do Mundo de Futebol de 2014, período onde o Brasil receberá grande número de turistas de vários países, o que pode favorecer a ‘turismo sexual’, vitimando crianças, adolescentes e mulheres.

“A idéia é continuar a mobilização para a realização, em 2014, de uma Campanha da Fraternidade sobre o Tráfico de Pessoas e realizar uma ampla campanha de prevenção em vista da Copa Mundial de Futebol”, destacou irmã Eurides.

A REDE UM GRITO PELA VIDA
Como um Projeto da CRB Nacional a Rede Um grito pela Vida conta com religiosas de 47 Congregações e 2 Institutos leigos, articuladas em 12 núcleos regionais. Sendo a Rede  um novo espaço de missão e atuação nas periferias e fronteiras, atua na sensibilização e socialização de informações sobre o tráfico de pessoas, capacitando  multiplicadoras e multiplicadores para ações educativas de prevenção e assistência, inserindo-se na luta por políticas públicas de enfrentamento desta realidade.

IRMÃS ICM NA REDE

A Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria integra a Rede Um Grito Pela Vida desde a fundação do grupo. Em 2010, com a beatificação da fundadora Bárbara Maix, a temática do Tráfico Humano passou a ser uma linha de ação missionária de todas as Irmãs.

Saiba Mais

Rede Um Grito Pela Vida
Blog: redeumgritopelavida.blogspot.com

Magnus Regis
blogbeatificacao@gmail.com

Equipe organizadora define detalhes para o XV CREICM

A Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria (ICM) já iniciou os preparativos para a realização da 15ª edição de Curso de Convivência e Revitalização Espiritual (CREICM), que acontecerá entre os dias 1° de março a 2º de abril, em Torres-RS. A equipe central que prepara o encontro se reuniu no último dia 10 fevereiro para trabalhar os detalhes do curso.
 
Reunindo Irmãs de todas as Províncias da Congregação, o CREICM é uma oportunidade para a revitalização espiritual e missionária oferecido às Irmãs. O encontro possibilita uma retomada e o fortalecimento da caminhada e da doações da vida ao projeto do Reino de Deus.
 
Integrante da equipe central, Irmã Iraídes Dall’Agnol destaca que a dinâmica do curso está na realização de semanas temáticas: “O curso é trabalhado em quatro semanas. Na primeira semana dedicamos à saúde, seja do corpo, mental e espiritual. A segunda semana é dedicada a psicologia e as relações interpessoais. A terceira semana destinamos aos estudos bíblicos e na quarta semana é estudado o projeto de vida religiosa deixada por Bárbara Maix”, explicou.
 
Irmã Iraídes informou ainda que a reunião iniciou os preparativos para o Encontrão do CREICM, que vai reunir todas as Irmãs que já participaram das edições anteriores do evento: “Nós começamos a programar o encontrão do CREICM que vai reunir 156 Irmãs entre os dias 10 e 13 de setembro no Convento Monte Alverne, em São Leopoldo”  disse.
Integram a Equipe Central do CREICM as Irmãs Irmãs Marlise Hendges, Iraídes Dall’Agnol , Dilva Ferrari, Marlne Maria Hackenhaar e Élida Debastiani. 
Magnus Regis
blogbeatificacao@gmail.com

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Partilhando a experiência... ANIMAÇÃO VOCACIONAL EM CERRO GRANDE E NOVO TIRADENTES

Com o coração cheio da alegria e da animação de uma semana vocacional, gostaríamos de partilhar um pouco dos bonitos dias de convivência, fraternidade e alegria que vivenciamos. O Serviço de Animação Vocacional da Diocese de Frederico Westphalen, os Freis Capuchinhos da Província do Rio Grande do Sul, e as Paróquias Nossa Senhora das Graças de Cerro Grande e Nossa Senhora de Lourdes de Novo Tiradentes, promoveram nos dias 09, 10 e 11 de fevereiro a Animação Vocacional em preparação à Ordenação Sacerdotal do Frei Antônio Lorini, natural da Comunidade Nossa Senhora Aparecida de Novo Tiradentes.
A Equipe que trabalhou na Missão Vocacional
As celebrações muito participativas e dinâmicas envolveram as comunidades que alegres e cheias de muita esperança colaboraram para que o trabalho fosse bem desenvolvido. Nossa reflexão teve como objetivo salientar o valor e a importância de cada vocação para a vida da comunidade, através da dinâmica do chamado foi possível envolver a comunidade e refletir sobre os diferentes serviços e a colaboração de cada um para manter nossa Igreja viva e em permanente estado de missão.
Ir. Letícia e Aspirante Letícia
Presença ICM confirmada:
Aspirante Letícia Bonetti do Núcleo de Santa Maria
Ir. Letícia Campagnolo Cavalheiro

Província de Santa Maria sob a Proteção do Espírito Santo
Rio Grande do Sul
Países: Venezuela, Bolívia, Argentina e Haiti
Blog: http://icmprovinciasantamaria.blogspot.com

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Seminário sobre a Vida Consagrada reunirá 400 Religiosos/as em Itaici-SP

Por Rosinha Mateus
CRB Nacional

O evento é uma organização da CRB Nacional – Conferência dos Religiosos do Brasil, que acontece de 23 a 27 de fevereiro, em Itaici-SP e contará com a participação de Superiores Maiores dos Institutos Religiosos associados à CRB Nacional, Diretoria Nacional, Comissão Executiva Nacional, Presidentes e Assessoras das Conferências Regionais, Equipes de Reflexão Bíblica, Teológica, Psicológica e Missionária; Conselho Superior, Conselho Fiscal e Conselho Editorial da Revista Convergência.


O Seminário que reúne 400 Religiosos e Religiosas de todo o Brasil tem como finalidade redescobrir o sentido profundo da Vida Religiosa Consagrada, revitalizando a paixão por Jesus e seu Reino, mediante a escuta da Palavra de Deus, a oração encarnada, a contemplação sábia da realidade, compromisso discipular-missionário, a convivência como irmãos e irmãs e comunhão com toda a criação.
Visa ainda, buscar maior leveza e agilidade Institucional para a Vida Religiosa, ampliando as fronteiras congregacionais por meio do trabalho conjunto entre as diversas ordens e congregações, da partilha do Carisma com outras pessoas e grupos de redes e parcerias.

 “Vida Religiosa Consagrada – a loucura que Deus escolheu para confundir o mundo (Cf 1Cor1, 18-25)” é um dos temas de abertura do evento que terá como assessora Irmã Delir Brunelli, cf, membro da Equipe de Reflexão Teológica da CRB Nacional.

Leitura dos sinais dos tempos da Vida Religiosa Consagrada, hoje; Conversão ao núcleo identitário da Vida Religiosa Consagrada;  Busca de maior leveza e agilidade institucional; Horizontes, caminhos, Itinerários para uma Vida Religiosa Consagrada que tenha futuro; Pessoas consagradas hoje – sinais que apontam para um modelo novo, serão os grandes subtemas que perpassarão o Seminário, além de momentos intensos de oração por meio da Leitura Orante da Bíblia, plenários e reflexão pessoal.
Entre outros, o Seminário contará com a assesoria de Padre Carlos Palácios,sj, Padre Márcio Fabri dos Anjos,CSsr, Irmã Annete Havenne, Irmã Márian Ambrósio,idp, Irmão Afonso Murad,fms e Bárbara Bucker, mc.

As atividades reflexivas dos Religiosos/as serão marcadas por momentos em que Religiosas e Religiosas de Congregações diversificadas partilharão práticas de processos inovadores que têm respondido aos desafios e necessidades de hoje.

Dom Jaime Spengler, Bispo Referencial para a Vida Consagrada e membro da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, na CNBB, presidirá a Eucaristia do primeiro dia do evento, às 18h. 

CRB Nacional